Há vinte anos, eu preparava-me para o nosso primeiro encontro. Estava ansiosa e desejava muito que você fosse uma menina. Não quis saber o sexo durante os nove meses. Optei pela feliz surpresa. E não vivenciei, até hoje, alegria maior que a de te receber. Princesa... Como é bom te chamar assim, sempre. Desde quando você ainda cabia em minhas mãos. O tempo voou, é verdade. Mas é a mesma princesa linda que eu peguei nos braços há exatas duas décadas, razão maior da minha vida. Deus foi muito generoso comigo ao me conceder você. Obrigada por tudo. Por ter se tornado esse ser que me enche de orgulho. Por não ter feito em vão, a minha energia e dedicação... Toda a minha luta, o meu empenho, a minha determinação em prol do teu bem. Errando, tropeçando, pedindo a Deus, luz, mas sempre, sempre, querendo com todas as forças, acertar. A qualquer preço, acertar.

Olho para você hoje e digo, “obrigada Pai”, pois, afinal, deu tudo certo! Está aí, a filha que eu sempre quis. Não, para satisfazer o meu ego, me envaidecer. Mas, para enfrentar a vida, independente de mim. Sei que está preparada porque reconheço em você uma alma boa, uma pessoa do bem. Virtude que sempre te cercará de amigos e que vai te manter próxima de Deus. Sinto que é forte o bastante para se levantar, se acaso cair. Inteligente, para enfrentar os desafios. Capaz de agir com discernimento, portanto, livre para fazer as suas escolhas, construir os seus sonhos e, sobretudo, realizá-los. Lembre-se: ninguém sentirá o seu amor, a sua dor, a sua intuição, viverá a sua vida por você.

Pudera todas as mães confiar em seus filhos, como eu confio em você. Isso me dá uma paz imensurável. Não que eu espere que seja exemplo para o pequeno mundo que nos cerca. Tão pouco, que me poupe de preocupações. Essa paz nasce da certeza de que, faça o que fizer, fará com consciência, como melhor sabe e pode fazer. Não tenha medo de errar. Aprendemos muito com os erros. A vida tem muito a nos ensinar, filha. Às vezes, cometemos bobagens por acreditar que detemos grande conhecimento. Mas, nunca estamos livres de fracassar. Temos esse direito, afinal. Faz parte do processo de evolução, amadurecimento. No entanto, princesa, quando temos o sincero desejo de fazer certo, com dignidade, honestidade... Quando o senso de justiça tem primazia em nosso coração, e buscamos verdadeiramente ser melhores a cada dia, incessantemente... Deus intercede por nós. A nobre intenção é um canal direto com Ele. Sempre haverá uma nova chance, um novo caminho e uma luz a nos guiar. Decerto, no momento adequado, a janela se abre à nossa frente, e uma nova oportunidade “pisca” para nós.

Eu nasci por ti, princesa. Para te receber, te amar incondicionalmente. Você é a coisa mais importante da minha vida. E eu SEMPRE estarei contigo. SEMPRE. Parabéns pelos seus 20 anos. Sei que é uma jovem feliz e com uma história linda para viver. Não importa o tamanho do seu sonho. Ele só precisa ser grande e valoroso para você. Como disse acima: ninguém viverá sua vida por você. Estarei sempre a te apoiar. Eu amo você.


O brasileiro tem uma predisposição impressionante pra subestimar o seu País e supervalorizar o estrangeiro. Embora levemos a fama de ser um povo feliz, paradoxalmente, ostentamos uma insatisfação generalizada. O que não faltam são opiniões vazias, “frases feitas” repetidas. Especialmente, se o Governo for o objeto de discussão. Basta um só comentário pra se incitar um debate. E todo mundo tem uma crítica ensaiada para fazer, seja ao país, ao sistema, ou aos governantes.

Essa reprodução de conceitos bloqueia a nossa capacidade de pensar. A gente parece que tem vergonha de ser brasileiro ou de gostar de ser. “Cult” é criticar. Parece que nos faz sentir “intelectuais”, inseridos na camada mais elitizada da sociedade. Quem gosta do Governo é pobre e burro. Não é o que parece? Muitas vezes, nem nos damos ao trabalho de raciocinar sobre os nossos posicionamentos. E o que é pior: sequer nos informamos, efetivamente, para fundamentar as nossas idéias. Simplesmente copiamos as verdades alheias.

A mídia faz ruminar semanas inteiras uma fala isolada do Presidente da República, quase sempre, desvirtuando o legítimo sentido do contexto, a mensagem intencional. E, aí, nos agarramos aos fragmentos ambíguos do discurso e ficamos indignados! Isso, porque temos certa necessidade de alimentar esse sentimento por tudo o que diz respeito ao Governo. Um bom exemplo foi o termo “marolinha” usado por Lula para fazer uma relação entre a crise no Brasil e no resto do mundo. Marola quer dizer “pequena onda”. Não é o que estamos passando, comparado (entendam, com-pa-ra-do) aos efeitos da crise na Europa e Estados Unidos, com toda essa quebra de bancos, desemprego, pessoas de classe média que perderam suas casas, acampando em praça pública? Desperdiçamos sim, a oportunidade de perceber as reflexões que permeiam, amiúde, as suas simbologias.

É como afirmar que o Presidente não sabe falar, e julgar elogiável aqueles discursos lidos, cheios de termos rebuscados, porém, idealizados e escritos por algum mentor. O que é pior? Pelo menos, Lula é autêntico quando fala de improviso e diz, à sua maneira, o que pensa de verdade. Só quem está absorto de preconceito acerca da pessoa do Presidente, não enxerga a sua genuína sinceridade e espontaneidade, seja quando é feliz, seja quando é infeliz nas suas expressões.

Mas, antes de jogar as nossas expectativas de “salvamento da pátria” nas mãos do Chefe de Governo, devemos lembrar que os nossos problemas tiveram origem há alguns séculos atrás. Por mais que se faça pelo Brasil, é uma utopia esperar que um homem, que nem é Jesus Cristo, seja capaz de mudar radicalmente, em curto ou médio prazo, o cenário do nosso País. Boa vontade faz a diferença em qualquer âmbito. Porém, não obra milagres.

Criticam o Bolsa Família, quando o mundo copia esse programa de distribuição de renda. Falam que o Governo Lula é um antro de corrupção. Mas, é a primeira vez que ricos começam a pagar por seus crimes de colarinho branco. Quando se viu gente do poder ter seus escândalos políticos na mídia, desmascarados? Alguém acredita que isso, antes, não existia? Ou, os Governos antecessores protegiam, acobertavam a corrupção para evitar tremores no exercício de suas gestões?

É bem fato que a imagem da figura presidencial, no Brasil, sempre vai suscitar avaliações negativas. Não que nós não tenhamos o que reivindicar. Longe disso! Eu não estou aqui defendendo o Lula ou propondo uma visão romântica do nosso Governo. Mas, espero que vejamos que apesar de tudo, há muito do que nos orgulharmos. E, se conseguirmos direcionar o nosso foco para o que há de bom no nosso país, teremos posicionamentos mais construtivos e nos tornaremos um povo mais nacionalista. Isso, parece mais inteligente que ficar rasgando seda para os “outros”.

Tem muito brasileiro que vai embora do País em busca de um mundo melhor e mais justo. Mas, aqui está cheio de estrangeiro extasiado com as nossas belezas, riquezas, o nosso clima. Eles dão ao nosso país, o valor que muitos de nós não dão. Aqui, descobrem o paraíso, o melhor lugar para viver e ganhar dinheiro. Nós, somos especialistas em depreciar e falar mal do Brasil. Queremos compará-lo aos países de primeiro mundo, um paralelo infactível, desproporcional, a começar pela população. Pra se ter idéia, o Japão tem 127 milhões de habitantes. A Itália, 58 milhões. Na Espanha são 40 milhões. França, 64 milhões. E Portugal? Apenas 10 milhões. Enquanto isso, o Brasil tem nada menos que 196, quase duzentos milhões! Como não levar isso em consideração? Não é fácil administrar um país tão populoso, com toda a complexidade de problemas acumulados ao longo das décadas. Temos muito o que melhorar, é verdade. Mas, não devemos fechar os olhos para os avanços concretos. O mínimo que podemos fazer é não colaborar para o aumento da "torcida do contra" que, enigmaticamente, existe nesse Brasil apedrejado.

Afinal, a nossa pátria, sempre tão coitadinha, virou o jogo. Conquistamos a auto-suficiência do petróleo. Colocamos uma parcela da população de baixa renda em faculdades particulares, através do PROUNI. Vivemos os melhores índices de reajuste do salário mínimo. O projeto “Luz para Todos” levou energia elétrica para 83% que viviam na escuridão, no meio rural. Tivemos uma redução do “risco país”, auferindo maior credibilidade sobre nossa capacidade de honrar compromissos. Sem falar que, saímos da condição de “país devedor” do sistema financeiro internacional e passamos a credores, agora acionistas do FMI. Lembrando que, desde 1824 o Brasil era um país endividado. Foi nesse ano que contraiu sua primeira dívida externa. Façam as contas! Vamos reconhecer o que mudou para melhor! E, antes de chamar o Lula de analfabeto, nos perguntemos primeiro aonde chegamos com os nossos diplomas. Onde o nosso “canudo” nos levou? Certamente, não somos grande coisa perto de um “da Silva” que pousa ao lado da Rainha Elisabeth e é bajulado pelo presidente dos EUA.