A felicidade é o maior anseio da humanidade. Tudo o que pode representar o estado máximo de realização, bem estar, satisfação, etc., pode ser resumido em uma única palavra: felicidade. Todos nós a buscamos, incansa- velmente, a vida inteira.
Mas, o que vem a ser, essencialmente, a felicidade? Alguns afirmam que ela não existe. Numa perspectiva menos pessimista, ela seria um estado de espírito efêmero. Experimentado em fragmentos, pedacinhos de tempo. Há, inclusive, quem a tema pelo mau presságio de que ela precede sempre um acontecimento ruim. Algo que vem para justamente “estragar” a tal felicidade (imerecida?).

Vê-se a felicidade no olhar de quem nada tem. Procura-se, em vão, a felicidade no olhar vazio de quem tem tudo, aparentemente, para ser feliz. Existe um grande paradoxo em torno dessa percepção. Enfim, como conceituar a felicidade de uma forma abrangente e unânime? Podemos crer que a felicidade é tudo o que o dinheiro não compra. Utopia? Pois bem! Pensemos nesse “tudo” que o dinheiro não compra e reconheçamos a legítima felicidade.

Tem gente que não consegue imaginar a felicidade sem dinheiro. Considera demagogia dizer que ele não a facilita (pelo menos). “Se felicidade é ter paz, o dinheiro salda as dívidas que aniquilam a paz”. Mas, estar quites com as contas não é suficiente para ser feliz. Tão pouco, nos faz conhecer a paz em sua plenitude.

O dinheiro não compra PAZ DE ESPÍRITO
A paz pela tranqüilidade da nossa consciência e pelo sentimento de dever cumprido para com os nossos filhos, nossa família, nosso trabalho e nosso próximo (inclusive, para com os nossos credores). Essa é a verdadeira paz. As nossas escolhas e atitudes determinam o tamanho da paz que atraímos para a nossa vida.

Cultivar a honestidade, por exemplo, nos assegura a paz. Quanto mais a praticamos, mais resistimos às pequenas tentações, e mais ficamos imunes às grandes. Qualquer vantagem que pleiteamos em detrimento do benefício do outro, a vida nos cobra de alguma maneira.

Levar o prejuízo é sempre menos danoso que causar. Ter confiança em Deus nos faz crer com firmeza que Ele nos dará lá na frente, o que por hora nos é subtraído. A autovigília constante nos ajuda a identificar situações lúbricas, escorregadias. Nossa consciência sempre acusa os “desvios do bom caminho”. Não há como nos enganar. Quem não deve tem a consciência tranquila. E todos esses esforços nos livram dos maiores inimigos da paz: a culpa e o remorso.

O dinheiro não compra o AMOR
Amar e ser amado são um estímulo poderoso à felicidade. O amor, em todas as suas expressões é uma doação. Tudo o que se dá de coração, de forma verdadeira e desinteressada, é naturalmente recompensado. Ninguém recebe menos que sua própria contribuição. Quando nos sentimos vítima, ou quando não somos sinceros nas nossas atitudes, temos dificuldade em reconhecer essa máxima. Estar em harmonia com a nossa família, ter amigos valorosos que nos estimam, é imprescindível à felicidade.

O amor entre duas pessoas, quando pleno e verdadeiro, nasce e é sustentado pela admiração mútua. Somente a admiração é capaz de manter a integridade do amor. A beleza física atrai. Mas é a admiração que faz permanecer. Devemos ter interesse real em nos tornar seres humanos melhores. O empenho diário em controlar maus impulsos promove constantes “reformas íntimas” que nos proporcionam grande crescimento e nos tornam pessoas mais amáveis.

Atraímos amor nos pequenos gestos. Quando evitamos, por exemplo, julgamentos e comentários inúteis sobre outras pessoas, muitas vezes sem procedência. Não faz muito tempo, li um texto que me chamou muito a atenção. Algo assim: “se você sabe alguma informação negativa a respeito de alguém, antes de passá-la adiante, reflita: tenho certeza da veracidade dessa informação? Comentá-la irá mudar algo na minha vida? Então, guarde-a para você. Seu único trunfo será denegrir a reputação dessa pessoa, talvez prejudicá-la, sob o risco de ser uma inverdade ou meia-verdade.” Que mérito isso tem? Falar mal dos outros é deselegante e a pior má impressão que causa é sobre a nossa própria imagem. Fazemos isso habitualmente (até o dia que decidirmos nos policiar).

O dinheiro não compra FÉ EM DEUS
A vida nos apresenta, algumas vezes, circunstâncias de difícil superação. Esse é um processo natural ao aprendizado e evolução para o qual estamos destinados. Devemos acreditar que todos os acontecimentos relevantes da nossa vida têm um objetivo maior, uma razão superior, por mais absurdo que nos pareça. A fé em DEUS é o poder que nos fortalece e encoraja. Acende em nosso coração a luz da esperança que nos impulsiona a seguir em frente, na certeza de que iremos transpor a dificuldade e abraçar uma nova oportunidade.

O dinheiro não compra DIGNIDADE
Embora o dinheiro seja o fim de todo ofício, e não exista dignidade sem um meio de subsistência, não é o dinheiro que nos dignifica. Mas, a nossa capacidade de prover o próprio sustento, de estabelecer metas e realizá-las. São os sonhos que movem e estimulam a vida. Quando temos dinheiro para tudo, não temos o que sonhar. O trabalho dignifica e nos afasta das inquietações do ócio. Faz-nos sentir úteis e livres de quaisquer condições de dependência ou submissão. Mesmo quando não necessitamos trabalhar, efetivamente, precisamos nos sentir úteis para não perdermos a dignidade, essencial à nossa felicidade.

O dinheiro não compra SAÚDE
A saúde é uma dádiva para a qual damos uma contribuição parcial, uma vez que ela parece não depender exclusivamente de nós. Ainda assim, grande parcela está diretamente relacionada aos nossos hábitos alimentares e estilo de vida. Mas, se estamos em paz, vivenciando o amor, com fé em Deus e dignidade, ganhamos outra fração, uma vez que a saúde é reflexo do nosso interior (mais do que podemos imaginar).

O dinheiro não compra paz de espírito, amor, saúde, fé em Deus ou dignidade. Falta alguma dessas coisas na vida de quem não é feliz. A felicidade, contudo, é um mérito ao alcance de todos. Cabe a cada um de nós fazer a sua parte, que a de Deus será dada por acréscimo, indubitavelmente.