Lembro ter lido, tempos atrás, uma mensagem que falava da vida, associando suas trajetórias a uma "viagem de trem". Hoje, relembrando-a, penso nunca ter visto comparação melhor. A vida seria, então, a própria locomotiva. Nós, os seus passageiros, distribuídos em vagões que se interligam. Em cada estação, pessoas que embarcam e desembarcam em busca de seus destinos.
Numa reflexão (própria do início de mais um ano), estive pensando que a vida é bem similar a isso. Todos nós, em algum momento, nos sentimos passageiros desse trem. Da janela, vemos a vida passar, contemplamos a paisagem, escolhemos ficar até o fim da linha, ou desembarcamos em alguma estação. Vemos descer amigos e amores, enquanto desconhecidos entram pela porta do nosso vagão. Ou, somos nós a deixar para trás a velha locomotiva, em busca de outro rumo.
Sou grata a Deus por ter estado em cada estação, no instante oportuno em que se abriu à minha frente, a porta de mais um vagão e o convite para uma nova experiência. Circunstâncias úteis ao amadurecimento e construção de mais um importante capítulo da minha história.
Não somos os mesmos a cada desembarque, porque deixamos um pouco de nós e levamos outro bocado dos que ficam. Quando a viagem chega ao fim, devemos entender que aquele ciclo de aprendizagem foi realizado. O tempo não importa, mas a intensidade com que nos relacionamos. Sendo inteiros, verdadeiros, deixamos a nossa melhor parte. E devemos, com a mesma dignidade, guardar o lado bom dos que seguem no trem, quando decidimos saltar na estação, movidos pela inquietude dos nossos corações.
Certezas não regem as nossas escolhas. Elas não existem. O que nos impulsiona é a necessidade de ser feliz. Só devemos nos arrepender da atitude não tomada, dos riscos que não corremos na iminência de uma provável felicidade. É essa busca que nos mantém vivos no sentido mais amplo da palavra. Estamos aqui, em algum trem ou estação, errando e aprendendo, por um objetivo maior: tornarmos-nos pessoas melhores.
Que da janela do vagão de todos nós, o sol brilhe radiante a cada dia.


This entry was posted on terça-feira, fevereiro 17, 2009 and is filed under . You can follow any responses to this entry through the RSS 2.0 feed. You can leave a response, or trackback from your own site.

1 comentários:

    Anônimo disse...

    Ai Cris, adorei essa Loco-motiva!É a nossa propria vida descrita de uma forma excepcional, tinha que ser você, só você pra dar uma descrição tão perfeita !!! Cada estação que passamos é como os ciclos da nossa vida, e a cada estação que saltamos, é um novo quadro que surge a nossa frente, onde a busca incessante por novas descobertas nos impulsiona para fora do vagão, aí começa um novo ciclo. Se seremos felizes? não sabemos... a vida é assim mesmo, e quem tem medo de buscar a felicidade, tem medo de viver.Meu trem chegou a última estação, e nesse lugar que saltei sou feliz a muito tempo, aqui finquei minhas raízes e gerei meus frutos, e quando vejo a loco-motiva passar aceno com a mão e penso:Quantas viagens fiz, em quantas estações saltei até encontrar uma parada segura!

    Lêda Maria

  1. ... on 1 de julho de 2009 às 20:42