A violência é um tema explorado pela imprensa, desde o princípio da comunicação. Sua cobertura tornou-se cada vez mais tempestiva e de maior alcance de público, ao longo da evolução histórica da mídia. Se nos reportarmos à Primeira Guerra Mundial, os correios e telégrafos já eram instrumento para o envio de notícias aos jornais da época. Na Segunda Guerra, o rádio foi o grande precursor, até que a televisão, acompanhada por milhões de espectadores, transmitisse a Guerra do Vietnã e a Guerra do Golfo. Mas, a comunicação atingiu o seu apogeu quando o mundo inteiro parou para acompanhar em tempo real os atentados terroristas de 11 de setembro, nos EUA.

Na mídia contemporânea, a violência tornou-se pauta obrigatória dos telejornais. Os veículos de comunicação, numa briga acirrada por audiência, apelam para a linha sensacionalista e fazem da tragédia humana um atrativo para prender a atenção do telespectador. A “desgraça” chama a atenção dos viciados e, muitas vezes, até dos desinteressados nessa mídia espetaculosa. O fato é que muitos ficam hipnotizados quando o controle remoto sintoniza algo desse gênero. E a freqüência exagerada com a qual a mídia reproduz o cotidiano da marginalidade, nos causa uma impressão comum dessa realidade. De tão submersos nessa perspectiva de “naturalidade”, extinguimos a “surpresa” das nossas reações. Parece que o senso crítico da humanidade passou por um processo de neutralização. Nos “acostumamos” a esse tipo de conteúdo, e o que deveria ser “chocante” deixou de produzir impacto nas nossas emoções.

Esse fenômeno que é “buscar o infortúnio” nos faz uma sociedade doente. Freud, na sua época, já acreditava que o ser humano tinha uma tendência a buscar experiências destrutivas devido ao seu instinto de morte inconsciente. Mas, é difícil encontrar justificativas para essa “atração” por programas que especulam as desventuras humanas. Em comedidas proporções, é útil estar informado da realidade do crime para nos precavermos e nos protegermos. Quando esse interesse ultrapassa os limites da normalidade, estamos alimentando uma atmosfera pessimista e motivando a proliferação da violência. Ademais, que benefícios sociais e psicológicos esse modelo do “jornalismo apelativo” traz à sociedade? A propagação do crime bem sucedido pode ser um estímulo para os “tendenciosos”, desocupados, excluídos... Os próprios marginais. E para as famílias, é a incitação do medo, da insegurança e do terror.

A criminalidade e as calamidades sociais são uma realidade da qual não devemos estar alienados. Afinal, cada um de nós tem uma parcela de responsabilidade na busca da preservação e integridade social. Hoje, cada vez mais, antropólogos, sociólogos, religiosos, dentre outros, se envolvem na defesa dos direitos das minorias marginalizadas, buscando a promoção da justiça e do bem-estar dos setores desprivilegiados da sociedade. O que não parece nada saudável é o fascínio por esses conteúdos jornalísticos que carregam uma energia densa e negativa, influenciando os nossos sentimentos e impulsos, ameaçando roubar a nossa esperança, otimismo e nossa fé em Deus. Ser seletivo na ocupação do nosso tempo precioso é uma escolha que interfere diretamente na nossa qualidade de vida.


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2 comentários:

    Eduardo Mesquita disse...

    + um bog para ler... magavilha !

  1. ... on 6 de maio de 2009 às 19:17  
  2. Rita Barbosa disse...

    Amiga, olha eu aqui novamente...

    Li os novos textos e amei!

    Beijo imenso.

    Ritinha

  3. ... on 6 de maio de 2009 às 19:29