O brasileiro tem uma predisposição impressionante pra subestimar o seu País e supervalorizar o estrangeiro. Embora levemos a fama de ser um povo feliz, paradoxalmente, ostentamos uma insatisfação generalizada. O que não faltam são opiniões vazias, “frases feitas” repetidas. Especialmente, se o Governo for o objeto de discussão. Basta um só comentário pra se incitar um debate. E todo mundo tem uma crítica ensaiada para fazer, seja ao país, ao sistema, ou aos governantes.

Essa reprodução de conceitos bloqueia a nossa capacidade de pensar. A gente parece que tem vergonha de ser brasileiro ou de gostar de ser. “Cult” é criticar. Parece que nos faz sentir “intelectuais”, inseridos na camada mais elitizada da sociedade. Quem gosta do Governo é pobre e burro. Não é o que parece? Muitas vezes, nem nos damos ao trabalho de raciocinar sobre os nossos posicionamentos. E o que é pior: sequer nos informamos, efetivamente, para fundamentar as nossas idéias. Simplesmente copiamos as verdades alheias.

A mídia faz ruminar semanas inteiras uma fala isolada do Presidente da República, quase sempre, desvirtuando o legítimo sentido do contexto, a mensagem intencional. E, aí, nos agarramos aos fragmentos ambíguos do discurso e ficamos indignados! Isso, porque temos certa necessidade de alimentar esse sentimento por tudo o que diz respeito ao Governo. Um bom exemplo foi o termo “marolinha” usado por Lula para fazer uma relação entre a crise no Brasil e no resto do mundo. Marola quer dizer “pequena onda”. Não é o que estamos passando, comparado (entendam, com-pa-ra-do) aos efeitos da crise na Europa e Estados Unidos, com toda essa quebra de bancos, desemprego, pessoas de classe média que perderam suas casas, acampando em praça pública? Desperdiçamos sim, a oportunidade de perceber as reflexões que permeiam, amiúde, as suas simbologias.

É como afirmar que o Presidente não sabe falar, e julgar elogiável aqueles discursos lidos, cheios de termos rebuscados, porém, idealizados e escritos por algum mentor. O que é pior? Pelo menos, Lula é autêntico quando fala de improviso e diz, à sua maneira, o que pensa de verdade. Só quem está absorto de preconceito acerca da pessoa do Presidente, não enxerga a sua genuína sinceridade e espontaneidade, seja quando é feliz, seja quando é infeliz nas suas expressões.

Mas, antes de jogar as nossas expectativas de “salvamento da pátria” nas mãos do Chefe de Governo, devemos lembrar que os nossos problemas tiveram origem há alguns séculos atrás. Por mais que se faça pelo Brasil, é uma utopia esperar que um homem, que nem é Jesus Cristo, seja capaz de mudar radicalmente, em curto ou médio prazo, o cenário do nosso País. Boa vontade faz a diferença em qualquer âmbito. Porém, não obra milagres.

Criticam o Bolsa Família, quando o mundo copia esse programa de distribuição de renda. Falam que o Governo Lula é um antro de corrupção. Mas, é a primeira vez que ricos começam a pagar por seus crimes de colarinho branco. Quando se viu gente do poder ter seus escândalos políticos na mídia, desmascarados? Alguém acredita que isso, antes, não existia? Ou, os Governos antecessores protegiam, acobertavam a corrupção para evitar tremores no exercício de suas gestões?

É bem fato que a imagem da figura presidencial, no Brasil, sempre vai suscitar avaliações negativas. Não que nós não tenhamos o que reivindicar. Longe disso! Eu não estou aqui defendendo o Lula ou propondo uma visão romântica do nosso Governo. Mas, espero que vejamos que apesar de tudo, há muito do que nos orgulharmos. E, se conseguirmos direcionar o nosso foco para o que há de bom no nosso país, teremos posicionamentos mais construtivos e nos tornaremos um povo mais nacionalista. Isso, parece mais inteligente que ficar rasgando seda para os “outros”.

Tem muito brasileiro que vai embora do País em busca de um mundo melhor e mais justo. Mas, aqui está cheio de estrangeiro extasiado com as nossas belezas, riquezas, o nosso clima. Eles dão ao nosso país, o valor que muitos de nós não dão. Aqui, descobrem o paraíso, o melhor lugar para viver e ganhar dinheiro. Nós, somos especialistas em depreciar e falar mal do Brasil. Queremos compará-lo aos países de primeiro mundo, um paralelo infactível, desproporcional, a começar pela população. Pra se ter idéia, o Japão tem 127 milhões de habitantes. A Itália, 58 milhões. Na Espanha são 40 milhões. França, 64 milhões. E Portugal? Apenas 10 milhões. Enquanto isso, o Brasil tem nada menos que 196, quase duzentos milhões! Como não levar isso em consideração? Não é fácil administrar um país tão populoso, com toda a complexidade de problemas acumulados ao longo das décadas. Temos muito o que melhorar, é verdade. Mas, não devemos fechar os olhos para os avanços concretos. O mínimo que podemos fazer é não colaborar para o aumento da "torcida do contra" que, enigmaticamente, existe nesse Brasil apedrejado.

Afinal, a nossa pátria, sempre tão coitadinha, virou o jogo. Conquistamos a auto-suficiência do petróleo. Colocamos uma parcela da população de baixa renda em faculdades particulares, através do PROUNI. Vivemos os melhores índices de reajuste do salário mínimo. O projeto “Luz para Todos” levou energia elétrica para 83% que viviam na escuridão, no meio rural. Tivemos uma redução do “risco país”, auferindo maior credibilidade sobre nossa capacidade de honrar compromissos. Sem falar que, saímos da condição de “país devedor” do sistema financeiro internacional e passamos a credores, agora acionistas do FMI. Lembrando que, desde 1824 o Brasil era um país endividado. Foi nesse ano que contraiu sua primeira dívida externa. Façam as contas! Vamos reconhecer o que mudou para melhor! E, antes de chamar o Lula de analfabeto, nos perguntemos primeiro aonde chegamos com os nossos diplomas. Onde o nosso “canudo” nos levou? Certamente, não somos grande coisa perto de um “da Silva” que pousa ao lado da Rainha Elisabeth e é bajulado pelo presidente dos EUA.


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12 comentários:

    clarisse disse...

    pois é, cris. de verdade, tu tirou isso tudo aí que tu escreveu da minha boca, tenho esse mesmo sentimento ... adorei, viu? e vc agora está matriculada como minha "ídala". zil beijos!

  1. ... on 4 de junho de 2009 às 08:11  
  2. P A R A L E LO disse...

    Demorei um pouco para ler todo o conteúdo, e no final me desapontei, tive a impressão que estava lendo um daqueles comentários sarcásticos e sem fundamento do José Newmane pinto, que além de ser desprovido de verdade é recheado de preconceito, mas fazer o que né tem quem goste!

  3. ... on 4 de junho de 2009 às 09:44  
  4. Anônimo disse...

    Cada povo tem o governo que merece...

  5. ... on 5 de junho de 2009 às 06:46  
  6. Anônimo disse...

    QUE NÃO SE PERCA O NOSSO FUTURO

    Era uma vez um pequeno país, de certa homogeneidade étnica e geográfica. Havia, neste país, uma profunda concentração de renda, em que 80% das riquezas pertenciam a menos de 10% da população. Uma história de injustiças sem precedentes, inclusive com períodos ditatoriais civis e militares. Apesar disso, possuía uma classe média assalariada flutuante dada a um consumismo, com certo poder de organização.
    Certo dia, após inúmeras tentativas, em parte decorrentes dessa organização, um cidadão, trabalhador de muita habilidade política, não pertencente aos citados 10% dominantes da população, ganhou as eleições para Presidente da República, contra todas as ações e ofensivas desferidas por esta classe, suas instituições e sua mídia. Ações que já prediziam a rejeição das possíveis perdas de privilégios produzidos, sustentados ou patrocinados pelo Estado.
    O cidadão eleito não optou por uma ruptura brusca do até então "status quo". Preferiu, dado que não possuía maioria no Parlamento e a passividade histórica do seu povo (semelhança com "Brasil Apedrejado?"), mudanças mais brandas, em uma coalizão de centro-esquerda, para descontentamento de alguns, inclusive do seu partido. Acreditava que não iria muito longe e que não conseguiria nenhuma mudança, caso as tomasse bruscamente, tão arraigados eram os vícios, os desmandos e a força econômica da classe até então no poder.
    Essa classe, representada pelas elites, perdeu dentro do jogo democrático, pois não havia mais margem para fraudes e armações. Mas como já se previa, quis a todo custo, nos anos que se seguiram, ganhar no tapetão, buscando os mais diversos métodos e várias frentes: setor privado (promovendo, junto com alguns políticos e juízes, grampos ilegais, falsos dossiês, aproximações duvidosas e tentativas de suborno de autoridades ligadas ao governo, ao partido do Presidente e até de seus familiares), passando por governos locais conservadores, por parte do Parlamento (políticos fisiologistas, chantagistas e/ou de direita) e da Justiça, tudo muito bem orquestrado, enfocado, priorizado e ampliado por uma mídia moderna tecnologicamente, porém bem rude social e politicamente. Um verdadeiro massacre, guardando alguma semelhança ao que provocara décadas antes o suicídio de outro Presidente.
    Nada de anormal, pois onde já se viu, na história da humanidade, membros abastados e privilegiados querer dividir, diminuir ou perder “de mão beijada” suas regalias para a maioria média ou pobre de uma sociedade, sem revolução?

    Continua...

  7. ... on 6 de junho de 2009 às 11:12  
  8. Anônimo disse...

    ...Continuação...

    Entretanto, o trabalhador Presidente não se deixou abalar, apesar de várias baixas na sua equipe. Perseguiu o objetivo maior para o qual foi eleito: diminuir as desigualdades sociais, enormes naquele pequeno país, garantir um desenvolvimento sustentável e fortalecer suas precárias democracia e instituições. E conseguiu ir muito além do que se imaginava.
    Implantou um programa social robusto, tendo como foco a segurança alimentar e contrapartida educacional e de saúde para crianças, jovens e adultos; um programa de luz e energia para todas as localidades e de cisternas para todas as famílias carentes de áreas secas do país; iniciou uma obra de transposição de um importante rio para uma faixa semi-árida e pobre do seu território. Outrossim, criou e ampliou universidades e escolas técnicas públicas; adotou um programa de bolsas em faculdades particulares. Aumentou o poder de compra do salário mínimo; recompôs os salários dos servidores públicos, assim como iniciou a primeirização do serviço público, abrindo diversos concursos; diminuiu a inflação, a relação dívida interna/PIB, a dívida externa, o risco-país e o desemprego; fez ajuste fiscal; aumentou as exportações; implantou um programa de biodiesel; investiu no agronegócio; incentivou a agricultura familiar e fez pesados investimentos na empresa estatal de petróleo. Ampliou e reaparelhou os órgãos federais de controle como a polícia, controladoria e receita fazendária, cooperando com os ministérios públicos e as justiças federais e locais, não dando trégua à corrupção.

    Continua...

  9. ... on 6 de junho de 2009 às 11:13  
  10. Anônimo disse...

    ...Continuação...

    Neste período, a grande maioria da população não era informada das ações do trabalhador Presidente, a não ser pela internet (quem tinha acesso) ou por propagandas oficiais. Era, pelo contrário, diariamente bombardeada com informações negativas, colocando o país no pior dos mundos: iminência de catástrofes, crises administrativas, sociais, econômicas, políticas e até aéreas; uma denúncia por semana, uma CPI por mês. As investigações feitas pelos órgãos do governo eram noticiadas amplamente se tivesse algum alvo dentro do governo. O massacre já referido.
    Mas quais não foram as surpresas, as pessoas evoluíram, sentiram no seu dia a dia a melhora nas suas vidas, o massacre não surtiu o efeito desejado, a internet muito contribuiu e o Presidente conseguiu ser reeleito, num segundo turno, sem a maioria do seu partido e de seus afins de esquerda no congresso, é verdade, mas conseguiu.
    Hoje, o trabalhador Presidente se encontra próximo do final de seu segundo mandato, que além da continuação das políticas anteriores, tem seu foco nos investimentos em infra-estrutura e energia. Conseguiu zerar a dívida externa e se tornar credor internacional, elevar a economia do país ao “grau de investimento”, tornar-se auto-suficiente em petróleo, com perspectiva de grande exportador no futuro.A cada dia vê diminuir a extrema pobreza e aumentar as classes ditas médias.
    O pequeno país ainda é injusto, parte das elites ainda se encontra pendurada nas suas tetas, mas os avanços são inegáveis. Tudo indica que a população dê um passo adiante, não perca o seu futuro, eleja candidatos dos poderes executivos, municipal, estadual e federal, que trabalhem efetivamente para o povo e também bases de apoio nos poderes legislativos (vereadores, deputados e senadores), compatíveis com os executivos eleitos.

    Bom, contei esta história para elucidar de maneira simplista o que se passa no Brasil do governo Lula. Considere os mesmos avanços alcançados, as resistências permanentes de suas classes abastadas, só que com as dificuldades alargadas, já que temos um país continental com imensas variações geográficas, étnicas, religiosas, sociais e econômicas.

    Marcos Ticiano
    Natal/RN

  11. ... on 6 de junho de 2009 às 11:17  
  12. Anônimo disse...

    Parabéns Marcos

    Você está certíssimo no seu comentário. Demorou, mas o povo o descobriu e agora o venera e agradece ao Trabalhador Presidente.

    Raimundo

    Ba.

  13. ... on 8 de junho de 2009 às 17:11  
  14. Anônimo disse...

    falou e disse, Cris!!!

    adorei esse post!

    concordo com esse texto, acho que já estamos exaustos de ver e comentar tanta coisa ruim que acontece.
    Basta! Vamos comentar também as coisas boas! vamos dar atenção às pequenas mudanças, pois é daí que surgem as maoires conquistas!

    Beijos mil!!

    Camilla Machado

  15. ... on 11 de junho de 2009 às 14:58  
  16. Anônimo disse...

    Cara Cris!, aqui César. O seu ufanismo me cativou, porém quero por a minha colher neste caldo; Como você bem frisou somos uma nação de 196 milhões de indivíduos,que são originários de diferentes etnias, temos os asiáticos,(a maioria japoneses); europeus,(portugueses e italianos);os negros africanos; árabes,(libaneses, palestinos e marroquinos);e os ameríndios, estes hoje em bastante minoria,este caldo étnico compõem hoje a grande nação que é o Brasil,uma sociedade composta desta forma dificilmente vai pensar unânime, e parafraseando o escritor Nelson Rodrigues, toda a unanimidade é burra! Ora, o grupo social que convivemos pode nos forçar a projetar para a nação o mesmo entendimento que temos de quem nos estar próximo, o que pode não acontecer de fato, senão vejamos, parte da nação elevou este País a condição de País emergente(BRIC),outra parte da nação elevou o nosso País a terceira posição na área de desenvolvimento de Software no mundo, posso eu elencar alguns outros exemplos, porém creio estes dois servem para conceituar o que estou demonstrando, boa parte da nação acredita e trabalha para elevação deste País, e os críticos são parte importante deste processo, pois mesmo sendo comboiados ou não pela mídia, deixam a sociedade mais vigilante no direcionamento do caminho.
    ps: acho que você estar defendendo o Lula, temos que reconhecer que ele é um grande brasileiro.
    Abraços César Pinheiro

  17. ... on 14 de junho de 2009 às 19:05  
  18. Anônimo disse...

    Quer dizer que o Lulla "pousou" ao lado da Rainha da Inglaterra? Deve ter tomado Red Bull, aquele negócio que "te dá asas"... hehehehe...

  19. ... on 14 de julho de 2009 às 05:57  
  20. Anônimo disse...

    Aff! Que país é esse?
    Contas do governo têm o 2º déficit seguido em junho
    Brasil terá crescimento 'surpreendente', diz Lula
    Taxa geral de inadimplência sobe em junho e bate recorde

  21. ... on 28 de julho de 2009 às 12:05  
  22. Paulo Marcelo disse...

    Parabéns, Cris, excelente texto!

    Concordo com você, o brasileiro precisa é respeitar mais o seu país! O Brasil é a melhor terra do mundo! E o Lula o melhor presidente da história! Só não ver isso quem não quer.

    Abraços

  23. ... on 8 de setembro de 2010 às 16:57